
Edição definitiva.- Lisboa: Typographia Castro Irmão, 1876. In-8º de 362(2) pag. - E.
Raríssima Primeira Edição em Livro.
Expressiva Dedicatória autógrafa de Eça de Queiroz.
Excepcional Peça de Colecção
Eça de Queiroz, no início do texto introdutório, esclarece:
«A designação inscrita no frontispício deste livro — Edição Definitiva —necessita de uma explicação. O crime do Padre Amaro foi escrito há quatro ou cinco anos, e desde essa época esteve esquecido entre os meus papéis — como um esboço de romance e pouco aproveitável. Por circunstâncias que não são bastante interessantes para serem impressas — este esboço de romance, em que a acção, os caracteres, e o estilo eram uma improvisação desleixada, foi publicada em 1875 nos primeiros fascículos da Revista Ocidental, sem alterações, sem correções, conservando toda a sua feição de esboço, e de um improviso. Hoje O Crime do Padre Amaro aparece em volume — refundido, e transformado. deixou-se parte da velha casa abaixo para erguer a casa nova. Muitos capítulos foram reconstruídos linha por linha; capítulos novos acrescentados, a ação modificada, e desenvolvida; os caracteres mais estudados, e completados; toda a obra enfim mais trabalhada. Assim O Crime do Padre Amaro da Revista Ocidental era um rascunho, a edição provisória; o que hoje se publica e a obra acabada, a edição definitiva. Este trabalho novo conserva todavia — naturalmente — no estilo, no desenho dos personagens, em certos traços da ação e do diálogo, muitos dos defeitos do trabalho antigo: conserva vestígios consideráveis de certas preocupações de Escola e de Partido, — lamentáveis sob o ponto de vista da pura Arte — que tiveram outrora uma influência poderosa no plano original do livro. Mas como estes defeitos provêm da concepção mesma da obra, e do seu desenvolvimento lógico — não podiam ser eliminados, sem que o romance fosse totalmente refeito na ideia e na forma. Todo o mundo compreenderá que — correções, emendas, entrelinhas, folhas intercaladas não bastam para alterar absolutamente a concepção primitiva de um livro, e a sua primitiva execução.»
Eça de Queirós, Akenside Terrace — 5 de julho de 1875
Campos Matos, no seu importante "Dicionário de Eça de Queiroz", diz : " Assim o Crime do Padre Amaro da Revista Occidental era um rascunho, a edição provisória, e o que hoje se publica é a edição acabada , a edição definitiva" E as circunstâncias em que a obra foi publicada na Revista Occidental que tanto contrariaram o Autor e diz também que da primeira edição em livro se imprimiram 800 exemplares e que o Editor Chardron, do Porto, comprou esta edição, razão provável da sua raridade.
Em 1914, esta edição já era considerada «muito rara» pelos bibliófilos, vide o Catálogo da Biblioteca Rodrigo Veloso, Porto, 1914.